Alimentando a criança interior
Banquete para os cinéfilos, a comédia dramática britânica “Toast- A História de Uma Criança Com Fome” (Toast – The Story of a Boy`s Hunger, 2010) rompe com o padrão “água com açúcar” que impera entre os filmes voltados para o universo da gastronomia e dá um belo pontapé no maniqueísmo. Um alívio! O longa – ambientado na década de 1960 – é abrilhantado pelo clima retrô, brindando o espectador com imagens de rótulos bem desenhados, coques-banana, comidas ao estilo da vovó e o inconfundível design da época.
A privação é o ponto de partida dessa produção da BBC baseada na biografia do chef Nigel Slater. Apesar de ter na mãe seu único porto seguro, o menino Nigel se recente da ausência de “comida de verdade” em sua vida: avessa ao fogão, a sra. Slater é adepta ferrenha dos enlatados e foge de quaisquer aventuras na cozinha.
Com a morte da mãe e o relacionamento conturbado com o pai em evidência, a culinária se torna para ele uma forma de lidar com os problemas e ter acesso a um mundo novo. Em meio a tudo isso, a madrasta – uma figura pra lá de controversa e divertida vivida por Helena Bonham Carter – entra na vida do menino como um furacão, tornando-se sua rival nos assuntos da cozinha e da vida.
Deliciosamente contraditório, humano e divertido, “Toast” está longe de ser uma produção enlatada, mostrando que “filmes de comida” não precisam seguir receita de bolo para agradar.
Fonte: Blog Gastroeconomia
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