Indústria familiar investe em expansão

Linguiça Guarânia deve aumentar oito vezes a sua produção

Em tempos adversos, ver indústrias se firmarem e cresceram é algo raro, ainda mais com um produto tipicamente regional, como o da Linguiça Guarânia. Um belo de exemplo de como empresas familiares podem ter êxito e ganhar mercado de forma inovadora.

A empresa surgiu em 2010 por iniciativa de outro empresário e em agosto de 2014 foi adquirida pela família Pereira, composta pelo pai Cezar Augusto Lisboa Pereira, pela mãe Dejanira Martins Pereira, pelo filho Jander Pereira e pela filha Mariana Pereira. Todos trabalham na empresa e possuem papel fundamental para o andamento de toda a fabricação.

Jander conta que quando compraram a Guarânia, adquiriram a marca, fórmulas, estrutura e etc, mas o faturamento era bem baixo, mesmo sendo um produto diferenciado.

Por isso, a primeira providência foi trazer algo novo, algo que somente a Guarânia poderia fornecer. “Investimentos na matéria-prima, a nossa linguiça é feita com carne de novilhas criadas a pasto no Pantanal em fazendas certificadas que fazem parte da ABPO- Associação Brasileira de Produtores Orgânicos, com sede em Campo Grande. Utilizamos carne sustentável, nos preocupamos com o meio ambiente, com o homem e a família pantaneira”, conta Jander. Ele ainda explica que todos os funcionários dessas fazendas são registrados e que não utilizam agrotóxico, antibiótico, hormônio e ureia nos animais, pois obedecem a um protocolo técnico firmado e registrado em cartório homologado pelo MAPA- Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.

Com isso, o que era apenas uma linha de produtos, virou o carro-chefe da marca que hoje comercializa 13 sabores, sendo o grande destaque a linguiça de costela com laranjinha de pacu. Outra linguiça que faz sucesso é a Angus Prime, feita com carne angus, mais macia e suculenta. A empresa inova ao usar uma carne de qualidade bem superior às usuais, trazendo um produto de alta qualidade com preço justo.

Atualmente produzem cerca de cinco toneladas por mês de linguiça e possuem venda apenas em âmbito municipal, mas até o fim de outubro a fábrica se mudará para um prédio maior, com uma estrutura que passa de 50m² para 460m² e deve produzir cerca de 40 toneladas por mês.

“Hoje temos 130 pontos de venda em Campo Grande, mas ao mudarmos para o novo prédio já teremos licença estadual para vender nosso produto e depois de dois meses teremos o credenciamento nacional”, explica Jander.

Cezar Augusto ainda ressalta que o número de empregos também crescerá, hoje são sete colaboradores e a nova indústria precisará de 35 pessoas, entre produção, administrativo e vendas.

“Acreditamos no nosso produto, temos demanda de outros Estados, por isso não desistimos da expansão, de fazer investimentos e acreditar no negócio”, declarou o proprietário Cezar Augusto.

Mas mesmo chegando a uma linha de produtos de sucesso, eles querem desenvolver novos sabores e estão sempre se aprimorando, fazendo novos cursos e participando de programas da FIEMS- Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul, um deles foi o Senai Carne Vermelha. Um produto que está em teste é a linguiça de guavira, outra iguaria regional.

“Nos preocupamos com o processo de produção e da segurança dos alimentos. Estamos sempre aprimorando a fabricação, mas ainda temos etapas manuais. Hoje, o Senai em Dourados faz análises laboratoriais dos nossos produtos, para termos um controle de qualidade da linguiça”, explica Mariana, que é diretora de produção.

A pesquisadora industrial do Laboratório Aberto do Senai, Stella Fernanda de Aquino, explica que a instituição auxiliou a indústria Guarânia no desenvolvimento dos produtos seguindo as tendências de mercado para satisfazer o consumidor que a cada dia está mais exigente e informado. “Os produtos atendem as demandas mundiais de alimentação, com maior valor agregado, alimentos exóticos, culinária regional e tradicional, além de produtos com aditivos e ingredientes naturais, produtos de baixo impacto ambiental com processos produtivos sustentáveis e eficientes”, pontuou.

Segundo Cezar Augusto, existe uma preocupação com a fabricação do produto, com o uso de carnes nobres e somente produtos de qualidade. “O mais importante é que não agredimos o meio ambiente, somos parceiros da natureza e trazemos o melhor sabor ao consumidor”, afirmou, acrescentando que o produto possui baixos níveis de conservantes, como também de sódio e gordura.

Por fim, Jander diz que querem levantar a bandeira de um produto genuinamente sul-mato-grossense, que é saboroso e de qualidade.

Por: Gabriela Borsari