A onda de obstáculos vivenciados pela pecuária brasileira, formada pela desvalorização da arroba, e cenários recentes, que reúnem a Operação Carne Fraca e delações da Lava Jato, estimula pecuaristas de Mato Grosso do Sul a se mobilizarem para formação de cooperativas e para a apresentação da carne produzida nas fazendas do Estado. É o caso da Fazenda 3R, de Figueirão, 250 km de Campo Grande, que neste mês serviu 100 quilos de cupim e 100 quilos de linguiça bovina à apreciadores de churrasco, da cidade de São Paulo (SP), durante o maior evento mundial da categoria, a Churrascada.
“Se existe um produto diferente, com qualidade e história, você tem de vender de forma diferente. Isso vale para a produtos que não são commodities, que não são iguais aos demais já existentes no mercado. Uma das maneiras é criar a sua marca e contar a sua história. Geralmente criar um produto diferenciado, com maior qualidade, custa mais caro, mas pode valer a pena”, é o que avalia o especialista em mercado e marketing de carne, Miguel Cavalcanti.
Mais que uma oportunidade de comercialização, o pecuarista, líder da marca 3R, Rubens Catenacci, considera esse contato direto com o consumidor uma chance de atender uma demanda vigente. “Ele passa a valorizar mais qualidade, e de quebra, conhece de fato a origem do que está comendo. Essa é uma demanda concreta que precisa ser atendida”, relata. “Quando intermediada pela indústria, não temos o feedback do consumidor final, com tanta eficácia”, completa ao sinalizar que o próximo passo é buscar meios de colocar a carne no mercado.
Qualidade do proteína – Avaliação dos chefes
Adriano Torres
“O animal criado a pasto e terminado em confinamento, apresenta marmoreio e uma cobertura de gordura de excelência, isso tudo imprime sabor, diferenciado na carne”, afirma o chef churrasqueiro, Adriano Torres, em relação à marca 3R. Quanto a linguiça bovina, segundo o especialista, diferente das demais, que têm a carne moída, ela é cortada em pequenos cubos, o que evidencia o sabor da carne. “E temos de considerar a escolha dos temperos e o tempo do processo de preparo que também influenciam no sabor”, enfatiza ele, ao indicar que a carne seja assada em grelha, apenas na brasa, para que atinja maior suculência.
Carlos Bertolazzi
O premiado chef e apresentador de TV, Carlos Bertolazzi, avaliou as estratégias e a carne produzida em Figueirão. “Essa aproximação do produtor, com os chefes de cozinha e com consumidor final, faz com que a gente tenha maior confiança, sabendo literalmente qual a origem, e isso faz toda diferença. O consumidor final está cada vez mais interessado em saber o que ele come, e de onde vem aquilo que está no prato dele, de qual fazenda, e qual produtor rural. O tempero é especial e a carne está pronta para o mercado”.
Tatiana Bassi
Para a administradora pela Universidade da Califórnia e empresária do ramo da carne em São Paulo, Tatiana Bassi, a proteína 3R é fruto de animais de qualidade. “A linguiça e o cumpim são sensacionais, uma delícia, com a quantidade de gordura certa, nem tão seca nem tão úmida, sem aquela bolotas de gordura, que não dão sabor e só estraga. E o cupim, gorduroso, para quem gosta deste tipo de corte é sensacional, dá pra ver que vem de um animal de boa qualidade, e isso eu valorizo”.
Economia local
Baseado na economia local, amparada pelo agronegócio, o prefeito de Figueirão Rogério Rosalin, busca reunir produtores rurais da região Norte de Mato Grosso do Sul para a formação de uma cooperativa, que seja capaz de apresentar a qualidade da pecuária. “Temos qualidade acima da média, e mercado já formado, principalmente os cortes nobres, que já teriam destino definido. É uma oportunidade que precisa ser amadurecida juntos aos Sindicatos Rurais da região, seguindo o modelo das cooperativas agrícolas, que diminuem os custos do produtor, usam de estratégias em comum, e alcançam o sucesso na produção e comercialização. E ainda podemos gerar emprego e renda ao Norte de MS”, finaliza.
Fonte: Assessoria
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